Hoje parei para ler o blog do Ivan Martins. Há tempos não apreciava a bela escrita desse mortal, na verdade, nunca fui muito de ler seus escritos, mas todas as quartas alguém o lia para mim – mas o assunto não é esse.
O texto vinha sob o título de ‘A FILA ANDA’. Nele, Ivan divaga sobre essa expressão que cada vez é mais banal em nosso meio. Claro que as palavras foram conduzidas para um viés sentimental. Falando que no ‘amor’, nos relacionamentos ‘a fila anda’. Uma verdade! O problema é saber encarar esse ‘andar’ da fila. Isso é algo difícil.
O caríssimo Martins, antes de discutir sobre como se portar diante deste fato, dá sugestões e faz ressalvas para que você cuide, para que você não faça a fila andar. Diz ele que “os tempos de abuso sentimental acabaram”, fato. Sendo assim “se você não tratar as pessoas direito, elas irão embora. É simples assim.” A partir disso, o autor nos coloca aquela frase clichê à tona: ‘quem gosta cuida’.
Depois disso são expostos uma série de argumentos que, pra mim, ele pretende nos convencer que nem tudo é para sempre. Mostra que a transitoriedade de pessoas e sentimentos em uma vida é algo totalmente comum. O problema é que há uma ‘indústria cultural‘ que tenta nos convencer que os sentimentos não mudam.
Nos vendem e a gente compra o ‘felizes para sempre’. Compramos essa mentira em dois aspectos, primeiro: ninguém é para sempre e a todo momento feliz; segundo: essa indústria vende tal suposta felicidade eterna ao lado de apenas um alguém. Mas não, as coisas mudam, os sentimentos mudam e, de fato, a fila anda.
Neste momento, após oficializar que estou de acordo com o Ivan Martins, quero partir para outro viés do ‘a fila anda’. Esse andar não é apenas o sentimental amoroso. A fila não anda somente para os amores ou paixões que julgávamos serem eternas. Elas também estão presentes em outros sentimentos. A fila anda para o trabalho – se você não faz bem ou não tem amor, ela andará ainda mais rápida – ela, a fila, também anda na AMIZADE.
Talvez, compreender que a fila anda neste sentimento que é tão grande e majestoso, a amizade, é difícil. Ser amigo de verdade é ser irmão, é ser da família. Para alguns a AMIZADE tem um peso não só fraternal, mas também paternal. Ou seja, a AMIZADE, para alguns é muito, para outros, talvez, nem tanto. Sem querer, ou até querendo, porém não intencionalmente, algumas pessoas fazem essa fila andar.
Aceitar esse ‘andar’ da fila, não é fácil em sentimento algum. Por isso, que temos sempre de refletir e ter outra ótica para o que acontece ao nosso redor. Neste ponto, o saudoso Ivan Martins nos dá algumas sugestões. Ele diz que permitir que a fila ande ou admitir isso frente à sociedade, pode “denotar frieza e desrespeito pelos outros”. Completa ainda falando que tal ato pode “ser sinônimo de uma atitude egoísta”.
Só que se usarmos outra ótica, se observarmos o redor da nossa vida de outro modo, poderemos então perceber que essa atitude – a da fila andar – é corajosa. Se algum amigo ou amor permitir que a fila ande, não te preocupes, sabe por quê?! Como escreveu Ivan Martins: “A fila anda, a gente avança, lá na frente descobre coisas melhores. Sempre de cabeça erguida.”
Eu, no entanto, prefiro não fazer a fila andar muito ou correr. Prefiro cuidar do que gosto e amar o que tenho e, assim, não deixar o que eu gosto ou amo andar. Prefiro amar e me apaixonar, mas também não vou me enclausurar por algo que não gosto, ame ou me apaixone mais.
Se ainda assim eu cuidar do que gosto, amo e sou apaixonado e mesmo assim este sentimento – seja ele de amor, paixão, amizade, profissional ou qualquer outro – quiser fazer a fila andar, tudo bem. Nutrirei ainda mais minhas forças e continuarei a vida de modo simples, “melhor do que ficar choramingando, né?”
Segue o texto do Ivan Martins, só clicar neste link:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ivan-martins/noticia/2012/05/fila-anda.html
Att,
O Brincante,
Hiury Wdson
Pelo Olhar de um Brincante - Hiury Wdson 